Passos: "Resultado escasso ou incerto" prejudicará 'rating' da dívida. E diz estar a "lutar por Abril"
O primeiro-ministro e presidente dos sociais-democratas afirmou hoje que PSD e CDS-PP estão a lutar por Abril e pela liberdade mais do que se fez em muitos anos e têm a chave do futuro. E alertou para um cenário em que "resultado escasso ou incerto" nas eleições prejudaria o 'rating' da dívida portuguesa.
"Estamos hoje a lutar mais por Abril e pela liberdade do que em tantos anos se fez com muitos outros governos, e isso devemos à vontade dos portugueses", reivindicou Pedro Passos Coelho, na cerimónia de apresentação do programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP, num hotel de cinco estrelas no Parque das Nações, em Lisboa.
Depois de afirmar que "quem resolve o passado é, de facto, quem tem a chave do futuro", o presidente do PSD referiu-se ao PS da seguinte forma: "Do outro lado temos uma proposta que nos dá mais do mesmo do que nós já conhecemos do passado, nem o cuidado tiveram de mudar as caras mais responsáveis por essas políticas do passado".
No início do seu discurso, Passos Coelho apontou o PS como o partido "que trouxe a 'troika'" e PSD e CDS-PP como aqueles a quem os portugueses deram "a oportunidade de salvar Portugal da bancarrota". Em seguida, dirigiu-se em especial aos eleitores que mudaram o seu voto em 2011, dando a sua confiança à atual maioria.
"Nós soubemos que os portugueses puderam corrigir politicamente a sua escolha nas eleições de 2011, mas é importante que em 2015 se confirme que a escolha que foi feita também não foi apenas um acaso", apelou.
O presidente do PSD defendeu que Portugal precisa de manter "uma linha determinada, convicta, que sabe o que quer para o país, e não apenas o resultado da presença da 'troika'", e não pode dar "um passo à frente para dar dois passos atrás".
Numa alusão ao PS, acrescentou: "Aqueles que teimam em não aprender com o passado, aqueles que se obstinam a propor ao país mais do mesmo que o país conheceu, esses evidentemente estão condenados a repetir os mesmos erros, mas não podem condenar o país a passar pelo mesmo sofrimento e pelo mesmo esforço".
O primeiro-ministro pediu também a confiança dos portugueses que não votaram no PSD e no CDS-PP há quatro anos, mas que a meio desta legislatura passaram a considerar que o futuro do país dependia do futuro do atual Governo. "Voltámos a estar nessa circunstância, o futuro do país dependerá das escolhas nas próximas eleições, e mais uma vez o destino de ambos estará ligado", disse-lhes.
"Nós confiamos nos portugueses e sabemos que o que se passou até hoje não foi uma exceção ditada pelo resgate externo, foi o princípio de uma mudança importante que há muitos anos ambicionávamos por Portugal, que em mais de 40 anos de democracia não tínhamos conseguido realizar", concluiu.
Agências de 'rating' "à espera" das eleições
O primeiro-ministro e presidente do PSD ligou hoje o 'rating' da dívida portuguesa às escolhas dos eleitores nas legislativas de outubro e dramatizou um cenário de "resultado escasso ou incerto", antevendo a possibilidade de novas eleições.
"As empresas de 'rating' estão à espera, conforme eu disse, do resultado das eleições para saber se o que se passou nestes anos foi assim porque não tínhamos alternativa, ou se nós sabemos mesmo o que queremos fazer para futuro", sustentou Pedro Passos Coelho, na apresentação do programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP, num hotel de Lisboa.
"E eu tenho a certeza de que, se essa resposta for inequívoca da parte dos portugueses, nós conseguiremos, num plano interno e externo, garantir um prémio que não é para o Governo, é para ser colocado ao serviço das empresas, das famílias, da sociedade portuguesa", acrescentou.
Antes, Passos Coelho lembrou que já tinha dito "que a melhoria de 'rating' da dívida portuguesa, tão importante para atrair mais investimento para Portugal, seria um resultado das escolhas dos portugueses".
No final da sua intervenção, o chefe do executivo PSD/CDS-PP reforçou a importância das escolhas dos eleitores nas legislativas de 04 de outubro, desta vez referindo-se à estabilidade política interna.
"Em resultado da nossa escolha não nos aguarda a 'troika', mas em resultado da nossa escolha podemos ter um futuro muito diferente: se o resultado for escasso ou incerto, muito do tempo de que poderíamos beneficiar para executar esta política e este programa serão gastos a pensar na próxima eleição ou na próxima campanha", apontou.
"Não é isso que queremos. Queremos, como todos sabem, estar ao serviço dos portugueses e de Portugal, mas isso é uma escolha que cabe inteiramente aos portugueses, e que nós aguardaremos com toda a humildade", concluiu.
"Defender o Estado social do socialismo"
O presidente dos sociais-democratas alegou ainda que a coligação PSD/CDS-PP conseguiu "defender o Estado social do socialismo" e agora oferece aos portugueses "mais Estado social" e "mais liberdade de escolha".
Passos Coelho destacou a proposta de "um Programa de Desenvolvimento Social que combate as desigualdades e que permite, no plano económico, mas também no plano social e político, a todos uma verdadeira igualdade de oportunidades".
Por outro lado, o atual primeiro-ministro prometeu um "processo de reforma do Estado", afirmando: "Será feito com a mesma credibilidade de quem não teve hesitação em pôr em prática um programa que visava atacar as gorduras do Estado, porque as atacámos, dando o exemplo aos portugueses de que quando era necessário fazer sacrifícios devíamos começar pelas políticas públicas e pelo Estado, como fizemos".